Você sabia que em 2009, a UNESCO reconheceu 8 línguas independentes em território japonês, além da língua japonesa?
Dentre essas 8 línguas, 6 estão distribuídas ao longo do arquipélago de Ryukyu. A UNESCO incluiu essas línguas em seu Atlas de Línguas em Perigo de Extinção (UNESCO Atlas of World's Languages in Danger). É possível buscá-las no link a seguir colocando "Japan" nos critérios de busca. Uma figura foi adicionada a este post mostrando como a UNESCO lista essas línguas na sua página.
Na ocasião, o porta-voz da UNESCO afirmou que “é comum no Japão considerar essas línguas como dialetos. No entanto, sob o ponto de vista dos padrões internacionais, entende-se que é mais adequado tratá-las como línguas independentes.” Isso foi publicado no jornal Asahi no dia 20 de fevereiro de 2009.
As duas línguas que foram reconhecidas como independentes e não fazem parte de Ryukyu são as línguas Ainu, falada pelo povo de mesmo nome originários de Hokkaido e do norte de Honshu, e a língua da ilha de Hachijo, situada ao sul de Tokyo.
As línguas de Ryukyu foram classificadas em 6 grupos distintos, a saber:
Figura 1 - Línguas independentes no Japão reconhecidas pela UNESCO me 2009 |
- Amami: conjunto das variantes faladas nas ilhas Amami e Tokunoshima.
- Kunigami: conjunto das variantes que vão desde as ilhas Okinoerabu, Yoron até toda a região norte (Yanbaru) da ilha de Okinawa, incluindo as cidades de Kunigami, Ogimi, Higashi, Nago, Nakijin, Motobu, Ginoza e parte de Onna-son. Inclui também a ilha de Kikai-jima, embora esta esteja geograficamente mais perto de Amami.
- Okinawano: conjunto das variantes que incluem a região centro-sul da ilha de Okinawa. É o que de fato se denomina uchinaaguchi. As variantes principais são a de Shuri e de Naha. A variante da língua utilizada nos teatros (Uchinaa shibai) também é um exemplo pertinente do okinawano.
- Miyako: conjunto das variantes das ilhas de Miyako, Ikema, Irabu, Kurima e Tarama.
- Yaeyama: conjunto das variantes das ilhas de Ishigaki, Taketomi, Iriomote, Kuroshima
- Yonaguni: a variante da ilha de Yonaguni, a última ilha de Okinawa antes de Taiwan. Suas características lhe concederam um tratamento diferenciado das outras variantes das outras ilhas.
Isso nos dá a ideia de como estão divididas as línguas. Logicamente, dentro de cada uma delas existem suas subvariações. A inteligibilidade entre as seis línguas acima são extremamente limitadas ou nulas. No entanto, essas seis línguas (assim como concebeu a UNESCO) têm parentesco com o Japonês.
Dessa forma, pensamos em uma família de línguas, igualmente legítimas, à semelhança das famílias de línguas europeias, como o grupo das línguas latinas ou germânicas, por exemplo. Essa ideia apareceu agora no século XXI com mais força para se opor à ideia mais tradicional de se considerar o japonês como padrão e os outros falares como "dialetos".
Cada língua de Ryukyu tem seu tempero. São peculiaridades que são próprias de cada região de Okinawa e que as fazem igualmente exóticas e belas. O "uchinaaguchi" é, na verdade, uma dentre as várias línguas que o arquipélago de Ryukyu possui!
Artigo do jornal Asahi sobre a posição da UNESCO (em japonês): http://www.asahi.com/shimbun/nie/kiji/kiji/20090302.html
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